07 outubro 2013

Eduardo, uma cria da esquerda populista e da direita relapsa.


Não é de hoje que comentei as intenções do atual governador do Estado de Pernambuco de concorrer à presidência da República Federativa do Brasil. Suas intenções estavam claras a minha percepção e acredito que o cenário atual possibilita a continuidade deste “projeto”, que tem suas bases fincadas na cruel realidade política atual.
O Senhor Eduardo Campos é neto de uma grande personalidade da política pernambucana e regional, o mítico Miguel Arraes. O Senhor Arraes nasceu em Araripe, Ceará, mas sua vida política em Pernambuco, no qual foi governador 3 vezes. Foi eleito em 1962, pelo PST e apoiado pelo PCB, vencendo a eleição contra João Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco. Certamente seu governo, considerado de esquerda, colocou mais lenha nas tensões que resultaram no golpe de 1964. Foi preso durante o golpe, pois recusou a proposta de renuncia oferecida pelos militares, mas recebeu habeas corpus sendo libertado em 25 de maio de 1965, exilou-se na Argélia.
Seu retorno foi durante a anistia,em 1979, e retorna como herói. Logo se filia ao PMDB e vence duas eleições 1982 deputado federal e 1986 novamente se sagra governador do Estado de Pernambuco. Depois se filia ao PSB e vence novamente como governador em 1994, aos 78 anos. Seu principal adversário regional foi o atual senador Jarbas Vasconcelos, que ironicamente foi um dos 50 mil pernambucanos que receberam Arraes quando retornou do áxilo. O último grande ato político foi apoiar o Senhor Anthony Garotinho a presidência da república em 2002, fato que alavancou a influência do PSB no país, pois no segundo turno o apoio ao PT redeu inúmeros ganhos políticos nos anos que se seguiram do governo LULA.
É complicado resumir a herança política deixada por Arraes para seu neto Eduardo, mas é muito fácil perceber o espaço deixado pela direita pernambucana ao longo dos mandatos de Jarbas Vasconcelos a frente do governo e principalmente pelo vice-presidente da república, o Senhor Marco Antônio de Oliveira Maciel, vice do Senhor Fernando Henrique. Em 2005, Pernambuco estava numa encruzilhada política, pois a capital, Recife, estava sobre gestão do PT, de caráter populista e apoiada diretamente pelo presidente da República, Lula. O governo do Estado estava nas mãos de um grande opositor do governo o membro do PMdB, Jarbas Vasconcelos. A falta de atuação pró-Pernambuco de Marco Maciel (antigo PFL) elevou as chances de um partido de esquerda assumir o governo do Estado e aumentar a influência no Nordeste. Mas o PT trabalha muito por vaidade, pois todos davam como certa a vitória do prefeito de Recife, o Senhor João Paulo, nas eleições de 2005 para governador, pois sua origem política nas camadas mais pobres assemelhava-se em muito com a história de Lula, porém havia um ex-ministro da Saúde no quadro político do PT em Pernambuco, o atual Senador Humberto Costa. Na eleição de 2005 a direita optou pelo vice-governador de Jarbas o atual deputado federal por Pernambuco o Senhor Mendonça Filho, de origem aristocrática e membro do (DEM). O PT optou pelo Senador Humberto Costa, lançando o prefeito de Recife para a candidatura à câmara federal. Logo, dois candidatos “antipopulares”, iriam polarizar a eleição, mas não foi isso que aconteceu. A influência de Jarbas fez Mendonça seguir ao segundo turno, mas a influência de Lula não foi capaz de levar Humberto ao segundo turno. (Lula conseguiu eleger postes nos quatro cantos do país, mas não foi capaz de eleger Humberto em sua Terra natal, o fato foi encarado como uma proeza). A figura de Humberto era oposta a de Lula, refinado, elitista, burocrático e acima de tudo, mal orientado politicamente. Na sombra de tudo isso surge uma coligação "Frente Popular de Pernambuco" - (PSB/PDT/PSC/PR/PP) – da salada mista ideológica saiu o vencedor. Mendonça utilizava quase todo seu horário político para realizar denúncias de corrupção que pesavam sob o candidato Humberto Costa quando ocupou o cargo de ministro da Saúde, no governo Lula. Logo, depois de muitas acusações e escândalos, surge o salvador, o neto de Miguel Arraes, ex-Ministério da Ciência e Tecnologia e presidente do proeminente PSB, Eduardo Campos. As conexões do seu avô com o planalto e sua experiência no cargo de ministro renderam ao Governador verbas, “Como nunca antes vistas no Nordeste” e sua liderança na região foi bastante utilizada pelo PT na eleição de Dilma.
Pernambuco cresceu e a influência de Campos também, pois os grandes investimentos na região começavam e terminavam em seu gabinete. No vácuo de uma política “imperial” o “bom gestor” cresceu. Era nítido perceber que em quase toda viagem de Lula, pelos quatro cantos da Terra, estava presente a figura de Eduardo em pessoa ou transfigurado em assessores. Novamente o cenário se repetiu, nacionalmente as duas maiores frentes colocam duas figuras “antipopulistas” sem carisma na linha de frente das eleições, esquecendo que a maioria da população vota por imagem e simpatia e não por ideologia. Grato a tudo isso Eduardo aparece nas sombras, armando coligações populistas com todas as legendas possíveis e até a mulher da “REDE”, Marina Silva, ex-ministra e candidata em 2010 engrossa o apoio político do Governador. Eu sinceramente não acredito no nosso atual quadro político e não vejo nenhum projeto sério para a federação. Observo os atores e as “ideologias” que são propostas neste momento e me apego à paciência e a esperança, pois quem sabe em 2018 teremos novas propostas. O que temos hoje é uma repetição do cenário de 2005 vivido em Pernambuco, que lamentavelmente em minha opinião foi uma eleição sem alternativas e predestinada a manter tudo estático, preso aos interesses das grandes oligarquias regionais, o que sempre tornou e continuará a tornar a República Federativa do Brasil um estado ineficiente, desigual, corrupto, inapto e acima de tudo lucrativo para os “grandes interesses”.
Que as próximas eleições apresentem quadros e propostas reais e benéficas.

12 março 2013

Beirando o Capibaribe me criei.
Fui corredor, pescador e jogador.
Nas águas turvas imaginei
As desventuras de um sonhador.



As pontes que por toda vida atravessei
São monumentos de um povo lutador.
Papel, corda e fuzil para um grande frei.
Mauricéia, uma Companhia para um governador.


O mangue, o canal, tudo a desaguar a beira-mar.
A ousadia libertária continua viva,
Presente em cada olhar.


Aqui expresso toda minha lealdade
A grande cidade altiva.
Parabéns lendária e heroica cidade.

13 junho 2012

A diversidade social, econômica, cultural, atual tem dificultado bastante às conversas que tenho participado nos últimos tempos. A realidade tornou-se tão ampla e complexa que qualquer tentativa de diálogo, por mais simplista que seja gera discordância. Seja na tentativa de explicar o motivo pelo qual utilizo a ciência para interpretar o mundo em que vivo ou no fato de não comprar produtos chineses, sinto por parte do coletivo uma tentativa de limitar todos os debates, todos os questionamentos. Eu não acredito em várias realidades, mas numa única realidade onde todos os grupos estão inseridos. Acredito que as soluções e os problemas não são particulares ou pontuais, são sim grupais e coletivos na medida em que se tornam tão complexos e inatingíveis procuramos por meio do comodismo ou do medo nos confortar na ideia de várias realidades. Atuamos em nossa realidade esperando solucionar nossos problemas e assim realizar nossos desejos e ambições. Excluímos as outras realidades e focamos grande parte da nossa energia para manter essa realidade estável e segura. Mas acontece de todos os dias recebermos a notícia de que existe uma única realidade onde todos nós existimos e ela se faz perceptível geralmente de forma brusca e chocante. Ou você não se lembra de companheiros de realidade que assim como você deram tudo de si para manter a ordem e o controle e numa questão de instantes perderam tudo por algo externo? Foi tão injusto. Ele fez tudo certo e mesmo assim aconteceu aquilo com ele. Nossa visão reduzida da realidade quer nos convencer do contrário, mas aqui vai um toque bem tranquilo: - Hoje de madrugada, amanhã, próxima terça, a qualquer dia eu posso te pedir um conselho sobre minha vida e o que podemos fazer para melhorar o esgotamento sanitário no conjunto residencial Bola na Rede.

24 dezembro 2011

Feliz Natal!

Hoje decidi voltar a escrever no blog, andei comprando presentes, pensando nos meus amigos, nas pessoas que passaram por minha vida. Mas ao retornar de uma compra encontrei um amigo de infância que me pediu dinheiro pra fazer uma cotinha pra cachaça de fim de ano, ele estava de “guardador de carros” ajudando os motoristas em suas compras a estacionar os carros e esperando um trocado.
Foi duro ouvir aquilo, na hora todo meu espírito natalino foi para o ralo e observei o dia 24/12/2011 com outros olhos. Eu pessoalmente tenho vários problemas, alguns dos quais acreditava na impossibilidade da resolução. Andei um pouco e observei duas pessoas preparando suas “camas”, uma grande caixa de brinquedo que ficará a noite toda posicionada abaixo de uma marquise. Lembrei da maior árvore de natal que a cidade já viu, da linda decoração que preenche a cidade de alegria e ofusca os milhares de recifenses que verão os fogos e luzes nas vielas sujas e frias, acompanhados dos seus e comendo o resto das fartas ceias de natal próximas.
Eu vou pedir ao Papai Noel um presente que não receberei hoje. Pedirei ao bom velhinho que no próximo Natal meus irmãos e bravos guerreiros recifenses possam comemorar o fato de todos que moram e vivem nesta cidade possam desfrutar da data com alegria, esperança, comida, bebida, teto, sofá, cama, mesa e dignidade.

Feliz Natal a todos os recifenses, pernambucanos, nordestinos, americanos, em fim, todos os seres humanos.

26 setembro 2011

A Nave

Uma nave superlotada de desejos e sonhos corta o cosmos numa velocidade constante. Apressadamente gira em torno do seu próprio eixo permitindo que seus passageiros tenham uma falsa idéia de que tudo se repete, de que sempre há tempo de recomeçar. Mas perceba bem, as estrelas que você vê através da enorme janela já não existem e não devesse esperar por suas promessas e profecias, pois os mortos não podem fazer nada pelos vivos.
Cada segunda-feira por mais que seja semelhante ou rotineira continua sendo única e não retornará ao seu controle, suas decisões do presente não podem alterar o passado, mesmo que você não queira acreditar. Olhe para nave abarrotada e entenda de uma vez por todas que ela é a única verdade na sua curta existência.

20 abril 2011

O Estado - Recorte - Proudhon

Ser governado é:
"é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, aprecidado, censurado, comandado, por seres que não tem o título, nem ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a sua justiça, eis a sua moral! (...) Oh! personalidade humana! Como foi possível deixares-te afundar, durante sessenta séculos, nesta abjeção?"

16 abril 2011

‎"O planeta e toda natureza não existem para uma única finalidade de servir aos interesses da raça humana, pois muito antes do primeiro hominídeo ergue-se sobre duas pernas sobre à Terra, a Natureza, em todo seu equilíbrio, tenha como propósito manter o raro e precioso dom universal, a vida."