28 março 2008

O Nordeste não é o atraso do País.

O Nordeste não é o atraso do país.


Nas últimas décadas, tem se intensificado a máxima de que o nordeste é a região responsável pelo atraso do país. Essa ideia tem se fortalecido principalmente entre os sudestinos e sulistas e perpetuado dentro da sociedade. O sul e o sudeste desde o declínio na produção de cana-de-açúcar e o surgimento das plantações de café, têm concentrado as riquezas e meios de produção da nação, assim recebem hoje o título de prodígios da federação, exemplos a serem seguidos e imitados.
Poucos sabem que essa prosperidade ocorreu não apenas com o suor e trabalho dos “habitantes do sul”, mas as custas dos altos impostos que o povo do nordeste paga. Exemplo em 1906 com o “ Convênio de Taubaté” todo país pagou para que os produtores de café não perdessem suas produções, comprando a produção dos mesmos e depois resultaram na queima e inutilização dos excedentes, como última tentativa de segurar os preços. Esse exemplo é um dos inúmeros que condenaram o nordeste a uma “colônia interna” que sempre pagou mais caro pelos produtos e vendeu sua matéria prima a preços menores que os praticados no comércio internacional.
Não que fosse suficiente, todas as outras regiões possuem características que motivam as lideranças centrais a pensar num planejamento estratégico. O Sul e Sudeste devem manter seu nível de crescimento e qualidade de vida, preservando as riquezas e meios de produção, a região Norte tem a floresta Amazônica para cuidar e preservar, o Centro-Oeste concentra o poder político da federação e o Nordeste tem o que? A seca que rende votos, o desemprego que rende obras que aumentem a popularidade, a violência que coloca o povo em paranóia, ou seja, como uma colônia próxima ao fim do período de domínio o Nordeste está saturado da exploração das suas riquezas e de seu povo.
O Nordeste fornece matéria prima a metrópole, fornece mão-de-obra barata(qualificada ou não), paga mais impostos( fretes, seguro de cargas e etc..) inseridos nos produtos vindos da metrópole, e ainda recebe um estigma de região que atrasa o desenvolvimento do país. O Nordeste possuí potencialidades que poucas nações no mundo dispõem, mas em época alguma exploramos essa potencialidade para o bem do nosso povo. Apenas uma elite conivente com o regime que a metrópole impõe, tem desfrutado dos privilégios que nossas riquezas proporcionam.
Sem uma união do povo Nordestino em obrigar suas representações federativas a trabalharem num projeto único para todo o Nordeste, passaremos mais alguns séculos comendo migalhas que sobram do orçamento do país, pois durante séculos financiamos a “mamata” das regiões industrializadas do país e se depender dos mesmos, passaremos mais alguns séculos financiando o avanço da metrópole. Esse “produto industrializado” não tem validade.